terça-feira, 29 de setembro de 2009

Som & Fúria

Olá, pessoal.

Um dos grandes problemas da sociedade moderna é a falta de tempo. Ela atinge a todas as pessoas, independentemente de cor, sexo ou crença. E, como humanos convencionais, eu e minha prima estamos passando pela mesma situação. Por isso, estamos com um pequeno atraso nas postagens. Tenho muita afeição por esse espaço e já estava morrendo de saudade de escrever aqui.

Deixando de lado tanta enrolação, vamos ao assunto de hoje. Estou para falar sobre essa série há algum tempo, contudo, outros assuntos foram surgindo e acabei postergando a vinda deste.


Devo admitir que só me interessei pela série devido ao fato de ser um fã incondicional de teatro. Quando vi aquelas vinhetas da Globo anunciando, fiquei bastante empolgado. E não me arrependi.

Som & Fúria trata do teatro de uma maneira bastante divertida. Mostrando todos os prós e contras da vida artística, a série define essa arte como sendo algo que deve ser levado a sério. Não é, como muitos acham, simples brincadeira ou "o emprego mais fácil do mundo". É trabalho e esforço para levar ao público o real significado da obra poduzida, a qual, tem uma mensagem para nos dizer ou, então, é feita para nosso entretenimento, objetivando fazer-nos relaxar um pouco perante tantos problemas que "devemos" enfrentar.

Como não poderia deixar de ser, existe um romance por trás da trama da série, afinal, se não houvesse isso, não seria uma produção da Globo, certo? Além disso, imagino que é a maneira que a emissora tem de garantir audiência.

Dante (Felipe Camargo) é um ator em decadência. Após estrelar Hamlet no Teatro Municipal de São Paulo e ser bastante aclamado por esse trabalho, tem um surto no meio da terceira apresentação da peça e acaba sendo taxado de louco, o que acaba com qualquer oportunidade que viesse a ter. Caído no esquecimento, leva uma vida com diversos problemas finaceiros e dirigindo peças que não fazem sucesso. O motivo de tudo isso? Sua ex-namorada, Elen (Andréa Beltrão), a qual interpretava Ofélia, teve um caso com Oliveira (Pedro Paulo Rangel), grande amigo de ambos e, também, diretor da peça de Shakespeare.

Sete anos após esse fatídico acontecimento, que é onde se inicia a história, Oliveira é atropelado por um caminhão de salsicha e falece. Após esse trágico acidente, a Companhia de Atores do Teatro Municipal perde seu diretor no meio da temporada de clássicos. Para substituí-lo, Dante é convidado para o cargo de diretor artístico.

De volta ao teatro onde tudo ocorreu, ele terá que enfrentar uma série de problemas, tais como: uma Elen mesquinha e mimada; um diretor soberbo e egocêntrico, falo de Oswald Thomas (Antônio Fragoso); falta de orçamento e o espírito de seu antigo amigo Oliveira, que voltou, não se sabe porque, para ajudá-lo a dirigir aquela mesma peça que que o fez desmoronar anos antes.

Essa é a minha sinopse. Vale muito à pena assistir, nem que seja para dizer não gostou. Os episódios podem ser encontrados, como qualquer outra coisa no planeta, na internet. Não vou dar qualquer site pois não conheço. Contudo, basta usar o Google.

Uma produção extremamente dispendiosa, porém, que merece cada centavo investido. Há um total de 12 episódios, com direção de Fernando Meirelles e um elenco que "dá show".

Isso é tudo por hoje. Reitero o pedido de desculpa e reafirmo o prazer que tenho em escrever nesse espaço. Ademais, peço suas críticas e sugestões para que, ao longo do tempo, eu possa melhorar minha maneira de escrever e os tópicos do blog.

Um grande abraço a todos e até mais.

Rodrigo, MtF.

P.S.: Apenas respondendo àlgumas pessoas, a sigla "MtF" significa "muito fácil", que é o nome do blog.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Visão do cotidiano


Olá, galera!

Quanto tempo! Estava com saudade de escrever aqui. Estas semanas têm sido complicadas. O período começou há tão pouco tempo e já temos matéria o suficiente para estudar durante toda sua duração.
Desculpas pedidas, vamos ao tema de hoje.

Estive pensando bastante no que escrever. Como citado no meu texto anterior, estou com várias ideias, porém, qual delas escolher? Solucionando essa dúvida, eis que surge um acontecimento, em minha opinião, maravilhoso: a bienal do livro.

Só para situá-los, estive lá ontem e, como não poderia deixar de ser, está excepcional! A única coisa que me deixa muito triste é o fato de não poder comprar todos os livros que eu gostaria. Como dizia o comercial de um banco há algum tempo atrás, "Universitário é tudo pobre", rsrs.

Devaneios à parte, a bienal me impeliu a falar sobre algum escrito e decidi que seria sobre Cecília Meireles.

Há algumas semanas atrás, tive o prazer, para não dizer a honra, de ter em mãos "Janela Mágica", coletânea de crônicas da autora que fala sobre o cotidiano de todos nós. A diferença desse para os outros livros?

Imagine uma janela. Sua utilidade é permitir a passagem de ar e luz e nos fornecer a visão do que está fora, ou dentro, para quem muda seu ponto de referência. Agora, atribua a esse objeto o elemento mágico, aquele que está dentro de cada um de nós, mas que insiste em se esconder para não nos fazer parecer ridículos perante à sanidade que, supostamente, devemos possuir.
Essa mistura é exatamente o que demonstra a coletânea: uma visão mágica sobre a rotina que levamos. Uma visão sobre o que fazemos e deixamos de fazer. Um tratado sobre a mágica da vida.

Grande parte das crônicas retrata a infância. Com sensibilidade e leveza próprias das crianças, Cecília consegue nos fazer olhar o mundo de uma outra perspectiva, a de quem não perdeu a alegria de viver, apesar de tantos motivos para fazê-lo. E ela critica, duramente, o estilo de vida que levamos. A falta de sentido em algumas de nossas ações, a perda da sensibilidade e a ausência de percepção da importância do outro. É fácil encontrar-se em alguns, para não dizer em quase todos, textos.
Atual, marcante e crítica. É assim que classifico esta fabulosa obra. Recomendada à todas as pessoas, especialmente àquelas que perderam a pouca humanidade que ainda nos resta.
Só para rechear um pouco esta resenha, trago uma das crônicas que mais apreciei. Uso o verbo apreciar pois, ler Cecília, não é somente fazer uma leitura, é ser forçado a utilizar todos os sentidos para conseguir atingir o clímax da história.

O ANJINHO DEITADO

Esvoaçavam mil anjos pela cidade... Anjos góticos, barrocos, modernos, existencialistas e atômicos.
"E este anjinho que não esvoaçava: este anjinho deitado!"
As igrejas estão cheias de anjos!
Alastram-se anjos por todas as paredes, nós todos estamos pensando em belos anjos muito antigos, a voarem entre Nazaré e Belém, a acordarem pastores e a cantarem para Deus e para os homens, que há um Menino Maravilhoso nas palhinhas de uma gruta.
"Mas este anjinho deitado já não se sabe o que pode ver por dentro das pálpebras".
O anjinho vai deitado numa caixa de seda cor-de-rosa, como um presente de Natal. Uma carreta escura e triste o vai levando, solitário. Na verdade, não se sabe quem o acompanha...
Às vezes, sou eu; depois, é um táxi que sai do alinhamento; torno a ser eu; é um longo carro diplomático; é um desses carrinhos doidos que brincam de correr pela cidade; mas torno a ser eu.
Sou eu o seu acompanhante mais fiel, quem sabe por que circunstâncias do destino! O anjinho deve ser uma menina de uns três ou quatro anos, dessa idade verdadeiramente linda, em que as crianças descobrem o mundo, utilizam o "por quê?" a cada instante e todos os dias aprendem uma palavra nova.
Quem não chora ao perder uma criança dessa idade?
E, se os homens não fossem tão distraídos e não andassem também tão amargurados com suas experiências de adultos, quem haveria, nas ruas, que não sentisse uma dor na alma à passagem deste pequeno caixão acetinado?
Quando a carreta desaparece, olho para os lados, vejo as multidões que desembocam das ruas, apressadas, fatigadas, carregadas de presentes: todos pensando em árvores de Natal, no que se pode e não se pode comprar, no que desejaria fazer, nas alegrias preparadas, nas alegrias previstas... Jóias, perfumes, vestidos, brinquedos...
Renovam-se as vitrinas incansáveis; vendedores já sonolentos desenrolam papéis festivos, dobram mecanicamente as pontas perfeitas dos embrulhos, dão mil voltas aos atílhos coloridos e dourados, fazem laços de fita que parecem dálias...
Mas a carreta reaparece, está de novo na minha frente e eu me pergunto se esta meninazinha não estará vendo a rua, lá de dentro; se a caixa acetinada não se terá feito transparente aos seus olhos de anjo; se ela não sorrirá com sabedoria precoce para toda esta pressa das ruas; e não se sentirá já sossegada e livre de tudo isto, sem mais gosto por bonecas, bolas, palhaços, coisas que os homens inventaram para tornarem mais aceitável a vida...
"Talvez a menina não esteja mesmo lá dentro, mas pousada no alto da carreta, como um ornamento, como um anjo entre os mil anjos deste Natal, dizendo adeus para todos nós, que continuamos aqui, enquanto ela sobe para a festa, com os outros anjos em pleno céu".
Perdoem-me se fui exacerbadamente apaixonado ao escrever. Aqueles que são contra, façam o obséquio de se pronunciar para estabelecermos uma troca de ideias.
Um grande abraço a todos que têm apreciado e ajudado em nosso empreendimento de valorizar a cultura. Muito obrigado pelas críticas! E, se alguém tiver interesse em algum assunto especial, é só pedir que traremos para vocês.
Rodrigo, MtF.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Desejo

Estou de volta (finalmente!) trazendo um texto maravilhoso e interessante.
"Desejo" é um poema de Victor Hugo, um grande poeta e escritor francês autor dos livros Os miseráveis, O corcunda de Notre Dame e Os trababalhadores do mar. Se alguém tiver a oportunidade de ler Os miseráveis eu indico.
Esse poema deu origem a uma música do Barão Vermelho -muito bonita por sinal- Amor pra recomeçar é o nome, vou anexar ao post um vídeo com a música.

Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você sesentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga `Isso é meu`,
Só para que fique bem claro quem é o dono dequem.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar esofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar.

youtube: Amor pra recomeçar- Frejat
http://www.youtube.com/watch?v=aaeRGCyxtMk


Espero que gostem, se identifiquem, enfim sem querer puxar o saco mas desejo isso aí pra cada um que acompanha o blog :)

até a próxima!

Gabriela, MtF!