quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Apenas uma explicação

Pessoal, estou aqui agora só para dizer que não esqueci do blog, estou apenas com falta de tempo para postar, porém logo estarei de volta com mais textos.
Abração a todos e um feliz 2010!

domingo, 29 de novembro de 2009

Olá!

Estou de volta depois de algumas semanas, sem justificativa dessa vez, apenas com um pedido de desculpas por deixar que o Blog ficasse desatualizado por tanto tempo.

O post de hoje é sobre um livro, A cabana.
Falar de Deus é algo bem difícil, principalmente porque as pessoas não querem ouvir, ou porque já acham que sabe ou simplesmente não acreditam que Ele exista. Qualquer um pode falar de Deus, isso é claro, mas nem todo mundo está apto, nem todo mundo consegue tornar esse assunto agradável e prazeroso, conheço pessoas que deveriam saber exatamente como fazer isso e que fazem o contrário tornando o assunto chato e repetitivo, isso acontece com muita frequência.
O que torna esse livro bom e evangelizador é a abordagem escolhida pelo autor para representar a Santidade, são os tabus que ele quebra e a reflexão que ele nos trás a respeito de nossas escolhas e sobre o que estamos fazendo com nossas vidas. Várias vezes durante a leitura você se identifica com algo que é falado, tanto pelo personagem de Mark quanto por Papai que é Deus. Este livro é para todos, todas as religiões e acredito até para aqueles que não creem ou perderam a fé. É uma oportunidade de reflexão ou simplesmente uma história emocionante, vai depender da fé de quem lê.

Resenha do livro: Durante uma viagem de fim de semana, a filha mais nova de Mack Allen Phillips é raptada e evidências de que ela foi brutamente assassinada são encontradas em uma cabana abandonada.
Após quatro anos vivendo numa tristeza profunda causada pela culpa e pela saudade da menina, Mack recebe um estranho bilhete, aparentemente escrito por Deus, convidando-o para voltar à cabana onde aconteceu a tragédia.
Apesar de desconfiado, ele vai ao cenário do crime numa tarde de inverno e adentra passo a passo no cenário do seu mais terrível pesadelo. Mas o que ele encontra lá muda seu destino para sempre.
Em um mundo tão cruel e injusto, A cabana levanta um questionamento atemporal: Se Deus é tão poderoso, por que não faz nada para amenizar nosso sofrimento?

É essa indicação de leitura que eu deixo.
Se alguém tiver algo a considerar, opinião, pergunta, sobre o livro fique à vontade para comentar.
Até a próxima!

beijos,
G. MtF!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Um nome muito conhecido, mas uma história renegada

Olá, galera!

Depois de uma semana tumultuada e de um fim de semana recheado de trabalho, estou aqui para trazer-lhes um assunto diferente do dos outros posts: pintura.

Desde o início de nosso projeto, tenho tentado criar um texto sobre essa expressão artística, no entanto, outros temas foram surgindo e acabei me esquecendo da empreitada.

Hoje, depois de umas conversas com a co-autora do blog, decidi postar sobre Vincent Van Gogh. O motivo? Basta olharem aqui no alto do espaço virtual que vocês encontrarão uma de suas mais famosas pinturas: Noite estrelada. Além disso, minha prima é apaixonada por sua obra, então, o artista não poderia ser outro.

Para meu profundo desgosto, não estou muito inserido no campo das artes plásticas e não tenho um bom conhecimento sobre telas ou esculturas. Por isso, recorri ao bom e velho Google para procurar algo sobre este pintor para trazer até vocês.

Até o presente momento, meus únicos contatos com Van Gogh haviam sido as conversas com minha prima, a leitura de uma breve biografia do mesmo que encontrei em um livro na biblioteca de minha faculdade sobre as principais expressões artísticas do milênio passado e seus respectivos representantes e, claro, as aulas de artes do colégio.



Rebelde, inclinado à solidão, até mesmo insociável, Van Gogh era um desajustado no seu lar, em sua terra e em sua sociedade. Considerado um dos principais representantes da pintura mundial. Nasceu na Holanda, no dia 30 de março de 1853, e foi criado em uma família protestante, constituída por seus pais, suas irmãs Elisabeth, Anna e Wil; e seus dois irmãos Cor e Theodore. Este último, apelidado Theo, foi o irmão que, durante toda a sua vida, esteve ao seu lado, dando-lhe sustento emocional e financeiro.

Aos 16 anos, ele foi contratado por uma administradora de obras de arte. Três anos depois, ele foi transferido para Londres, e dois anos depois para Paris. Após essas viagens, Van Gogh perdeu todo o seu interesse na venda de obras, e resolveu seguir os passos do pai e se tornar um pastor, para evangelizar os pobres.

Tendo seu curso de Teologia pago por seus pais, não encerrou os estudos e refugiou-se na Bélgica, onde iniciou seu tabalho como pastor, sempre pregando para os pobres. Foi nesse tempo que desenvolveu seu fascínio pela vida dos trabalhadores, usando os mineradores como inspiração para seus desenho à lápis.

Tendo retornado ao lar em 1880, encantou-se novamente com a arte do desenho e da pintura e resolveu estudar anatomia e perspectiva, especializando-se, como o próprio anuncia, em desenhos que retratem a vida. "Eu não quero pintar quadros, quero pintar a vida".

Alguns meses depois ele deixou a residência dos pais e foi ter algumas aulas de pintura com seu primo Anton Mauve. Gogh até mesmo chegou a se envolver com uma prostituta grávida chamada Sien Hoomik, com o qual ele teve um filho. Ele continuou a aperfeiçoar suas técnicas, sempre que possível usando Hoomik como modelo de seus quadros. Uns anos depois ele ficou irritado com Hoomik, e resolveu cortar relações com ela. Por conta de sua falta de inspiração, ele resolve voltar à residência dos pais para continuar seu treinamento artístico. Lá, ele é introduzido pela primeira vez às obras de Jean-Franqois Millet, no qual fica fascinado e começa a basear seu estilo nas obras de Millet.

Após o fracasso de "Os comedores de batatas" - quadro pintado com o objetivo de impressionar a comunidade artística, mas que não atingiu seu objetivo - muda-se para Paris, passando a viver com o Theo. Lá, descobre o encanto das cores claras e vibrantes e passa a usá-las de forma a dar vida a seus trabalhos. "Eu quero a luz que vem de dentro, quero que as cores representem as emoções".

Em Paris, Gogh conheceu vários artistas de renome, como Claude Monet, Paul Gauguin, Camille Pissarro e Emille Bernard. Gogh e Gauguin se tornam grandes amigos nessa época. Dois anos depois, Gogh se muda para Arles, na esperança de que seus novos amigos se juntem a ele para a criação de uma escola de arte.

Mais tarde, ele e Gauguin mudam-se para Arles e vivem um período de profunda fertilidade no trabalho. Porém, surgem os primeiros sinais de sua doença mental, a qual lhe causava ataques de epilepsia, ataques psicóticos e desilusões. Ele chegou ao ponto de perseguir Gauguin com uma faca, ameaçando-o constantemente. Certo dia, devido à uma briga com o amigo por causa de uma mulher, cortou sua própria orelha e mandou entregá-la a causadora da discussão.

Internando-se após este episódio, o pintor produz uma infinidade de obras no hospital, dentre as quais a obra que ilustra nosso despretencioso blog.

No mês de maio, deixou a clínica e voltou a morar em Paris, próximo de seu irmão e do doutor Paul Gachet, que iria lhe tratar. Este doutor foi retratado num de seus trabalhos: Retrato do Doutor Gachet. Porém a situação depressiva não regrediu. No dia 27 de julho de 1890, atirou em seu próprio peito. Foi levado para um hospital, mas não resistiu, morrendo três dias depois.

É considerado um dos inicadores do expressionismo e impressiona com a vitalidade de algumas obras e a morbidez de outras. Apesar de extremamente talentoso, sofreu do mesmo mal que tantos sofreram e sofrem até os dias de hoje: falta de reconhecimento perante a crítica. Somente conseguiu reconhecimento após a morte, graças aos esforços da esposa de Theo, o qual veio a falecer 6 meses após a morte do irmão.

Bem, esse foi um pequeno resumo da vida e obra de Van Gogh. Abaixo, seguem seus principais trabalhos:

- Os comedores de batatas;
- A italiana;
- A vinha encarnada;
- A casa amarela;
- Auto-retrato;
- Retrato do Dr. Gachet;
- Girassóis;
- Vista de Arles com Lírios;
- Noite Estrelada;
- O velho moinho;
- Oliveiras.

Para minha tristeza, tive que usar alguns ctrl+c, ctrl+v. Entretanto, fiz bastantes adaptações e creio que tenha ficado agradável.

Conto com a crítica sincera de todos vocês. Não tenho medo de ser criticado, pois tenho a ambição de melhorar sempre, logo, digam a verdade =)

Um abraço a todos e até o próximo!

Rodrigo, MtF!

Edit: Woow! Não sabia que o post tinha ficado tão grande! Desculpem-me :P

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Sete vidas

Olá!

Depois de algumas semanas sem postar, por vários motivos, estou de volta e tentarei me redimir. A princípio, viria para falar de Hamlet, de Shakespeare, peça que eu e o Rodrigo tivemos
a oportunidade de ver na temporada no Oi Casa Grande aqui no Rio. Eu adorei, é sensacional, e exatamente por isso exigiria um post muito mais elaborado e crítico, então assim que sentir que posso falar de Shakespeare e de sua grandiosidade, trago para vocês algo sobre a peça.

O filme de hoje é Sete Vidas, de Gabriele Muccino o mesmo diretor de " À procura da felicidade", com Will Smith.


Will Smith é Ben Thomas um agente da receita federal. Durante o filme ele se propõe a achar sete pessoas para ajudar, são pesso
as devedoras da receita e que ele procura o real motivo das dívidas, assim tenta com seu próprio julgamento decidir quem é bom e quem é que está tentanto fugir de pagar seus tributos. Uma dessas pessoas é Emily Posa (Rosaria Dawson) que sofre de problemas cardíacos. Ben a investiga e a testa,como faz com todos os outros "candidatos" a serem salvos de alguma forma, porém com ela o envolvimento é um pouco mais forte.
Durante o filme, ocorrem vários flashs temporais que ajudam você a "desvendar" o porquê dele estar fazendo isso.
O filme é dramático, daqueles para te fazer chorar, no final você já imagina o que vai acontecer, mas ainda assim torce pra estar errado.
Atuação fantástica de Will Smith e de Rosaria, deram veracidade e me fizeram refletir assim que o filme acabou. Na verdade, me senti estranhamente perturbada no final. Eu não queria que o filme acabasse...

Bom, fica essa a sugestão de filme para o fim de semana ou, quem sabe, para quem como eu está se aproveitando da guerra na zona norte da nossa maravilhosa cidade do Rio de Janeiro, sede das Olimpíadas de 2016, para ficar em casa. Ah, amanhã tem paralisação dos professores do Estado. Que maravilha!

Então é isso, até a próxima.

Gabriela, Mtf!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

"Mas que é a vida senão uma combinação de astros e poços, enlevos e precipícios?"


Olá, galera!

Eu sei que esse papo já está virando rotina, porém, não consigo evitar: desculpem pela demora na postagem. Estou em período de provas e estou ficando doido por isso, rsrs.

Mudei uma centena de vezes o assunto do post de hoje. Já pensei em escrever de tudo. No entanto, me veio à cabeça um livro que li recentemente e é sobre ele que falarei.

Ressurreição foi o primeiro romance publicado de Machado de Assis, no ano de 1872. Ele pertence à sua primeira fase de trabalho, conhecida como fase romântica. Contudo, desde essa primeira história, ele já demonstrava seu caráter crítico e extremamente observador quanto ao comportamento humano. Ao longo de todo o romance, pode-se sentir seu sarcasmo e suas "brincadeiras" com o destino de suas personagens e com a emoção do leitor.

É claro que por ser um escritor predominantemente realista, sua fase romântica foi recheada de muita ironia, em contraste com a escola romântica da época, a qual apregoava um texto dramático, exagerado e não condizente com a realidade.

Longe de repudiar o romantismo, estou apenas colocando o ponto de vista daqueles que eram contra esta forma de escrita.

Voltando ao escrito em questão, é um belo texto com um desenrolar digno do criador de Capitu e Bentinho. Por ser seu primeiro livro, está longe de ser tão bom quanto Dom Casmurro ou Memórias Póstumas de Brás Cubas, entretanto, é bastante notável sua iniciante aptidão para as letras.

Fica a dica: quem se interessar, o livro pode ser encontrado gratuitamente, assim como toda a obra de Machado, no site http://www.dominiopublico.gov.br/

Um grande abraço a todos e até o próximo post.

Rodrigo, MtF!

P.S.: O título do post é uma das frases que o protagonista diz ao longo da história. Só por ela, já dá para saber que esse não é um típico livro romântico.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Som & Fúria

Olá, pessoal.

Um dos grandes problemas da sociedade moderna é a falta de tempo. Ela atinge a todas as pessoas, independentemente de cor, sexo ou crença. E, como humanos convencionais, eu e minha prima estamos passando pela mesma situação. Por isso, estamos com um pequeno atraso nas postagens. Tenho muita afeição por esse espaço e já estava morrendo de saudade de escrever aqui.

Deixando de lado tanta enrolação, vamos ao assunto de hoje. Estou para falar sobre essa série há algum tempo, contudo, outros assuntos foram surgindo e acabei postergando a vinda deste.


Devo admitir que só me interessei pela série devido ao fato de ser um fã incondicional de teatro. Quando vi aquelas vinhetas da Globo anunciando, fiquei bastante empolgado. E não me arrependi.

Som & Fúria trata do teatro de uma maneira bastante divertida. Mostrando todos os prós e contras da vida artística, a série define essa arte como sendo algo que deve ser levado a sério. Não é, como muitos acham, simples brincadeira ou "o emprego mais fácil do mundo". É trabalho e esforço para levar ao público o real significado da obra poduzida, a qual, tem uma mensagem para nos dizer ou, então, é feita para nosso entretenimento, objetivando fazer-nos relaxar um pouco perante tantos problemas que "devemos" enfrentar.

Como não poderia deixar de ser, existe um romance por trás da trama da série, afinal, se não houvesse isso, não seria uma produção da Globo, certo? Além disso, imagino que é a maneira que a emissora tem de garantir audiência.

Dante (Felipe Camargo) é um ator em decadência. Após estrelar Hamlet no Teatro Municipal de São Paulo e ser bastante aclamado por esse trabalho, tem um surto no meio da terceira apresentação da peça e acaba sendo taxado de louco, o que acaba com qualquer oportunidade que viesse a ter. Caído no esquecimento, leva uma vida com diversos problemas finaceiros e dirigindo peças que não fazem sucesso. O motivo de tudo isso? Sua ex-namorada, Elen (Andréa Beltrão), a qual interpretava Ofélia, teve um caso com Oliveira (Pedro Paulo Rangel), grande amigo de ambos e, também, diretor da peça de Shakespeare.

Sete anos após esse fatídico acontecimento, que é onde se inicia a história, Oliveira é atropelado por um caminhão de salsicha e falece. Após esse trágico acidente, a Companhia de Atores do Teatro Municipal perde seu diretor no meio da temporada de clássicos. Para substituí-lo, Dante é convidado para o cargo de diretor artístico.

De volta ao teatro onde tudo ocorreu, ele terá que enfrentar uma série de problemas, tais como: uma Elen mesquinha e mimada; um diretor soberbo e egocêntrico, falo de Oswald Thomas (Antônio Fragoso); falta de orçamento e o espírito de seu antigo amigo Oliveira, que voltou, não se sabe porque, para ajudá-lo a dirigir aquela mesma peça que que o fez desmoronar anos antes.

Essa é a minha sinopse. Vale muito à pena assistir, nem que seja para dizer não gostou. Os episódios podem ser encontrados, como qualquer outra coisa no planeta, na internet. Não vou dar qualquer site pois não conheço. Contudo, basta usar o Google.

Uma produção extremamente dispendiosa, porém, que merece cada centavo investido. Há um total de 12 episódios, com direção de Fernando Meirelles e um elenco que "dá show".

Isso é tudo por hoje. Reitero o pedido de desculpa e reafirmo o prazer que tenho em escrever nesse espaço. Ademais, peço suas críticas e sugestões para que, ao longo do tempo, eu possa melhorar minha maneira de escrever e os tópicos do blog.

Um grande abraço a todos e até mais.

Rodrigo, MtF.

P.S.: Apenas respondendo àlgumas pessoas, a sigla "MtF" significa "muito fácil", que é o nome do blog.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Visão do cotidiano


Olá, galera!

Quanto tempo! Estava com saudade de escrever aqui. Estas semanas têm sido complicadas. O período começou há tão pouco tempo e já temos matéria o suficiente para estudar durante toda sua duração.
Desculpas pedidas, vamos ao tema de hoje.

Estive pensando bastante no que escrever. Como citado no meu texto anterior, estou com várias ideias, porém, qual delas escolher? Solucionando essa dúvida, eis que surge um acontecimento, em minha opinião, maravilhoso: a bienal do livro.

Só para situá-los, estive lá ontem e, como não poderia deixar de ser, está excepcional! A única coisa que me deixa muito triste é o fato de não poder comprar todos os livros que eu gostaria. Como dizia o comercial de um banco há algum tempo atrás, "Universitário é tudo pobre", rsrs.

Devaneios à parte, a bienal me impeliu a falar sobre algum escrito e decidi que seria sobre Cecília Meireles.

Há algumas semanas atrás, tive o prazer, para não dizer a honra, de ter em mãos "Janela Mágica", coletânea de crônicas da autora que fala sobre o cotidiano de todos nós. A diferença desse para os outros livros?

Imagine uma janela. Sua utilidade é permitir a passagem de ar e luz e nos fornecer a visão do que está fora, ou dentro, para quem muda seu ponto de referência. Agora, atribua a esse objeto o elemento mágico, aquele que está dentro de cada um de nós, mas que insiste em se esconder para não nos fazer parecer ridículos perante à sanidade que, supostamente, devemos possuir.
Essa mistura é exatamente o que demonstra a coletânea: uma visão mágica sobre a rotina que levamos. Uma visão sobre o que fazemos e deixamos de fazer. Um tratado sobre a mágica da vida.

Grande parte das crônicas retrata a infância. Com sensibilidade e leveza próprias das crianças, Cecília consegue nos fazer olhar o mundo de uma outra perspectiva, a de quem não perdeu a alegria de viver, apesar de tantos motivos para fazê-lo. E ela critica, duramente, o estilo de vida que levamos. A falta de sentido em algumas de nossas ações, a perda da sensibilidade e a ausência de percepção da importância do outro. É fácil encontrar-se em alguns, para não dizer em quase todos, textos.
Atual, marcante e crítica. É assim que classifico esta fabulosa obra. Recomendada à todas as pessoas, especialmente àquelas que perderam a pouca humanidade que ainda nos resta.
Só para rechear um pouco esta resenha, trago uma das crônicas que mais apreciei. Uso o verbo apreciar pois, ler Cecília, não é somente fazer uma leitura, é ser forçado a utilizar todos os sentidos para conseguir atingir o clímax da história.

O ANJINHO DEITADO

Esvoaçavam mil anjos pela cidade... Anjos góticos, barrocos, modernos, existencialistas e atômicos.
"E este anjinho que não esvoaçava: este anjinho deitado!"
As igrejas estão cheias de anjos!
Alastram-se anjos por todas as paredes, nós todos estamos pensando em belos anjos muito antigos, a voarem entre Nazaré e Belém, a acordarem pastores e a cantarem para Deus e para os homens, que há um Menino Maravilhoso nas palhinhas de uma gruta.
"Mas este anjinho deitado já não se sabe o que pode ver por dentro das pálpebras".
O anjinho vai deitado numa caixa de seda cor-de-rosa, como um presente de Natal. Uma carreta escura e triste o vai levando, solitário. Na verdade, não se sabe quem o acompanha...
Às vezes, sou eu; depois, é um táxi que sai do alinhamento; torno a ser eu; é um longo carro diplomático; é um desses carrinhos doidos que brincam de correr pela cidade; mas torno a ser eu.
Sou eu o seu acompanhante mais fiel, quem sabe por que circunstâncias do destino! O anjinho deve ser uma menina de uns três ou quatro anos, dessa idade verdadeiramente linda, em que as crianças descobrem o mundo, utilizam o "por quê?" a cada instante e todos os dias aprendem uma palavra nova.
Quem não chora ao perder uma criança dessa idade?
E, se os homens não fossem tão distraídos e não andassem também tão amargurados com suas experiências de adultos, quem haveria, nas ruas, que não sentisse uma dor na alma à passagem deste pequeno caixão acetinado?
Quando a carreta desaparece, olho para os lados, vejo as multidões que desembocam das ruas, apressadas, fatigadas, carregadas de presentes: todos pensando em árvores de Natal, no que se pode e não se pode comprar, no que desejaria fazer, nas alegrias preparadas, nas alegrias previstas... Jóias, perfumes, vestidos, brinquedos...
Renovam-se as vitrinas incansáveis; vendedores já sonolentos desenrolam papéis festivos, dobram mecanicamente as pontas perfeitas dos embrulhos, dão mil voltas aos atílhos coloridos e dourados, fazem laços de fita que parecem dálias...
Mas a carreta reaparece, está de novo na minha frente e eu me pergunto se esta meninazinha não estará vendo a rua, lá de dentro; se a caixa acetinada não se terá feito transparente aos seus olhos de anjo; se ela não sorrirá com sabedoria precoce para toda esta pressa das ruas; e não se sentirá já sossegada e livre de tudo isto, sem mais gosto por bonecas, bolas, palhaços, coisas que os homens inventaram para tornarem mais aceitável a vida...
"Talvez a menina não esteja mesmo lá dentro, mas pousada no alto da carreta, como um ornamento, como um anjo entre os mil anjos deste Natal, dizendo adeus para todos nós, que continuamos aqui, enquanto ela sobe para a festa, com os outros anjos em pleno céu".
Perdoem-me se fui exacerbadamente apaixonado ao escrever. Aqueles que são contra, façam o obséquio de se pronunciar para estabelecermos uma troca de ideias.
Um grande abraço a todos que têm apreciado e ajudado em nosso empreendimento de valorizar a cultura. Muito obrigado pelas críticas! E, se alguém tiver interesse em algum assunto especial, é só pedir que traremos para vocês.
Rodrigo, MtF.